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6 de jul. de 2010

A Atmosfera da Alma

por Oliveira Fidelis Filho - fidelisf@hotmail.com


"Não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas o que sai da boca, isso sim, contamina o homem". Jesus.

Ainda que Jesus se refira à boca para identificar o que entra, entendemos que somos também "alimentados" por outros órgãos dos sentidos como paladar, olfato, tato, audição, visão, para citar os mais conhecidos.

O cérebro se alimenta constantemente de dados provenientes destes sensores, estabelecendo interação entre o sujeito e os inumeráveis objetos aos quais se expõe.

Um verdadeiro caudal de informações, recebidas e processadas constantemente, alimenta os arquivos da memória, possibilitando a formação da consciência, desde a mais rudimentar, ou seja, o proto-self, evoluindo para a consciência central, biográfica, expandida, moral, e outros níveis de consciência que ainda haveremos de identificar e alcançar.

Não há como evitar a chegada desta espantosa quantidade de "e-mails" à caixa postal craniana. Vários arquivos vêm carregados de vírus, potencialmente danosos ao bom funcionamento do ser humano.

Para o grande Mestre, a contaminação, influência, efeitos, alterações, estragos e/ou benefícios, não dependem do que entra e sim de como são recebidos, processados, assimilados e devolvidos.

É, ainda, muito expressivo o percentual de humanos que em face de uma palavra, ato ou acontecimento, reagem mecanicamente. Encontram-se dominados por "programas arcaicos" que, uma vez instalados, tornaram-se imperceptivelmente autônomos. Reagem movidos por sombras, subjugados pela lei do "olho por olho e dente por dente", cativos de complexos firmemente estabelecidos, prisioneiros de suas couraças que os forçam a reagir defensivamente.

Como disse o Mestre: "são escravos do pecado". Do pecado de abrir mão da racionalidade, da lei do Amor, da Sabedoria, do comando da Alma. Os estímulos externos - "o que entra pela boca" - constituem simples disparadores, com o potencial de fazer emergir o padrão comportamental, escondido nos porões do inconsciente, possibilitando virem à tona os demônios criados, constantemente realimentados e mentirosamente "amarrados".

É, portanto, a reação procedente de formas-pensamento, sentimentos e comportamentos, oriundos de nossas crenças e valores, introjetados, assimilados e cristalizados, que se expressa. Reação da qual tem pouca consciência e limitada ingerência, aqueles que abdicaram de pensar os próprios pensamentos e sentir os próprios sentimentos.

Tal padrão comportamental (mecânico, instintivo e irracional), evocado na terceira lei de Newton, que afirma que "a toda ação há sempre uma reação oposta e de igual intensidade", é, também, facilmente observado nos reinos vegetal e animal.

O animal tido como o melhor amigo do homem - o cachorro - ao ser alvo de agrado abana o rabo e faz festa; se ameaçado, rosna ou até mesmo morde. Esta reatividade instintiva - "boa pra cachorro" - infelizmente ainda é percebida em seres humanos cuja essência divina não foi expandida.

Os "escravos" da reatividade afirmam que são donos do próprio nariz, que não levam desaforo para casa, que ninguém manda neles, que respondem à altura. Entretanto, as únicas pessoas que não as governam são elas mesmas, tal a inconsciência de si.

Os que evoluíram deste primitivo estágio pertencem ao grupo dos que começaram a dominar a si mesmos. Não dependem mais de estímulos externos, quer para abanar o rabo ou para rosnar, desenvolveram a arte de serem alquimistas dos estímulos recebidos. São capazes de processar afetos e desafetos externos, transubstanciando-os em alimentos úteis para os pensamentos e sentimentos, bem como para os sentidos do corpo e relacionamentos.

Não se movem por pensamentos pensados, mas pensam os próprios pensamentos. Usufruem o privilégio de ter a si mesmos como o melhor amigo, sem necessariamente desprezar o cachorro, além, é claro, de melhor compreendê-lo.

Respondem sempre à altura, à altura Crística. São donos não apenas do seu nariz, mas dos ouvidos, dos olhos, da língua, dos pensamentos, dos sentimentos e dos atos. Não levam desaforos pra casa, pois não os hospedam em si mesmos. Eles são capazes de, a semelhança de Jesus, olhar para os erros alheios e percebê-los como limitações de quem ainda não evoluiu. Possuem amor e sabedoria a ponto de dizer: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem".

Comandam a própria vida e, conseqüentemente, estão aptos a partilhar sua sabedoria com outros, quando solicitados.

Para Jesus, "o que sai da boca", ou o que é amorosamente silenciado ou graciosamente dito, estabelecem a diferença entre a religiosidade e a espiritualidade, entre o instintivo e o consciente, entre o irracional e o racional, entre a graça e a lei, entre o amor e o ódio, entre a reatividade instintiva, irracional, e a proatividade consciente, racional e evoluída.

Portanto, somos contaminados ou purificados não por fatores externos, mas pelo que pensamos, sentimos e falamos.

A atmosfera terrestre é uma fina camada de gases sem cheiro, sem cor e sem gosto, presa à Terra pela força da gravidade. A atmosfera da alma envolve o coração e se estende pelos limites do corpo humano. Mantêm-se limpa com o vento do Espírito, com bom perfume Crístico, com a pureza do Amor e a leveza da Paz.

Mantenha a atmosfera da alma limpa, tal cuidado contribui significativamente para que a atmosfera terrestre continue, cada vez mais, agradavelmente habitável. 


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